sábado, 18 de maio de 2019

Passageira de Allan Dias Castro

 
Por mais que muita gente confunda não ter companhia com solidão, Ela sempre pensou em fazer uma viagem sozinha, por opção Porque toda vez que buscava em alguém a sensação de liberdade,conseguia, não a liberdade, só a sensação. Que passava cada vez que o outro decidia a sua direção. Ela já ouviu: "Parece que você tá perdida na vida, me segue,deixa eu te levar!" E quando seguia alguém se perdia de onde podia chegar. Ou ainda:"Até hoje você não sabe se virar sozinha!Me deixa resolver!" Mas se deixasse viraria outra pessoa e não quem poderia ser. E quem era ela? Pra onde iria? Muitas vezes nem ela sabia. Preferia poder mudar a cada nova cidade,a cada dia. A única certeza é que não conseguiria ser a mesma pessoa a vida inteira. E assim,mais do que viajante,percebeu a beleza de ser passageira,porque o problema da gente tomar uma decisão se preocupando só com os que opinam a nosso respeito, é que eles nem sempre respeitam a nossa opinião. Por isso as vezes ela precisava se afastar um pouco pra se aproximar dela mesma. Ela sempre dizia que quem escolhe a liberdade como casa faz do mundo o seu lugar. E como ela gostava da própria companhia por onde ia ,sentia livre pra chamar de lar. O que eu aprendi com a "passageira"(como ela passou a se chamar), é que toda vez que a gente se sentir cercado por desconhecidos íntimos,aqueles que vivem presos aos próprios conceitos,mas adoram achar pra você uma saída. Não entra nessa! Mude você de idéia,de rumo,mude-se de si mesma,pra se conhecer a ponto de quando sentir necessidade,se tornar uma completa desconhecida. E claro,de tempos em tempos,viaje sozinha,pela vida.

VÓS AO VERBO 91 - Passageira